quarta-feira, 18 de maio de 2016

Métodos parasitológicos de Blagg e Willis

INTRODUÇÃO
A parasitologia é uma ciência que estuda os organismos (parasitos) que vivem no interior ou exterior de outro hospedeiro, extraindo deste seu alimento e abrigo, sendo que esta associação nem sempre é nociva ao hospedeiro. Na prática abrange o estudo de protozoários, helmintos e artrópodes, em cujos grupos situa-se a maioria de parasitos de importância médica e veterinária. O exame parasitológico de fezes permite que seja feita a detecção desses parasitos, pela presença de trofozoístos, cistos e oocistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos, de maneira seletiva, rápida e eficaz. Desta forma, orienta a administração de medicamentos específicos e efetivos para cada tipo de parasito, evitando uma possível resistência causada por medicamentos de amplo espectro. Alguns parasitas observados no exame podem não causar doenças, mas devem ser relatados, pois indicam uma maior possibilidade de infecção futura por outros parasitas. Pela avaliação da amostra fecal, pode-se ainda, ter uma noção sobre a presença de gordura e alimentos não digeridos, refletindo o contato do paciente com alimentos, água e outros contaminados.
O exame clínico é o primeiro passo para o diagnóstico, mas o laboratório é essencial nessa definição, estabelecendo a espécie de parasito presente no paciente. O exame macroscópico permite a verificação da consistência das fezes, do odor, da presença de elementos anormais, como muco ou sangue, e de vermes adultos ou partes deles. O exame microscópico permite a visualização dos ovos ou larvas de helmintos,cistos, trofozoítos ou oocistos de protozoários. Pode ser quantitativo ou qualitativo. Os métodos quantitativos são aqueles nos quais se faz a contagem dos ovos nas fezes, permitindo, assim, avaliar a intensidade do parasitismo. O mais conhecido é o de Stoll, mas, o mais empregado atualmente é o de Kato- Katz. Os métodos qualitativos são os mais utilizados, demonstrando a presença das formas parasitárias, sem, entretanto, quantificá-las. 
São inúmeros os métodos de exames parasitológicos de fezes descritos na literatura (método de Lutz, método de Ritchie, método de Blagg, método de Willis, Método de Faust, método de Baermann-Moraes, entre outros) os quais podem ser qualitativos ou quantitativos, apresentando diferentes sensibilidades na detecção de ovos e larvas de helmintos e cistos de protozoários. Na prática em questão realizamos dois métodos: Blagg ou MIFC (sedimentação por centrifugação) e o método de Willis (flutuação espontânea). O método de Blagg ou MIFC tem a mesma finalidade do exame parasitológico de fezes comum, mas permite maior precisão na investigação de parasitas intestinais. É usado para pesquisa de ovos e larvas de helmintos, cistos e alguns oocistos de protozoários. É um dos métodos mais recomendados, por ser rápido, fácil e sensível, porém, necessita de centrífuga. O método de Willis, cujo principio baseia-se na flutuação em solução saturada e cloreto de sódio (NaCl). Esse método procura fixar ovos pouco densos em uma lâmina, através da flutuação em uma solução muito densa, para que assim possa observá-los
microscopicamente, tendo purificado antes a amostra fecal, já que partículas mais densas da amostra tenderão a ficar no fundo do recipiente em que o método é realizado. É utilizado para evidenciar ovos leves (principalmente ancilostomídeos). O métodos de Willis, apesar de simples, não é muito utilizado em laboratórios de análises clínicas, devido ao fato de o grande quantitativo de NaCl utilizado encarecer o custo do processo.
OBJETIVO GERAL
Realizar os métodos parasitológicos de Blagg (sedimentação por centrifugação) e Willis (flutuação espontânea), compreendendo sua importância nos diagnósticos de parasitoses.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Compreender a diferença entre os métodos parasitológicos realizados;
- Identificar quais tipos de parasitas podem ser encontrados em cada um dos dois métodos;
- Analisar a amostra macroscopicamente, em busca de sangue, muco e de parasitas;
- Analisar a lâmina preparada em microscópio de luz, em busca de cistos, trofozoístos, ovos e larvas de parasitas;

METODOLOGIA
As amostras foram recebidas em recipientes adequados, identificados com o nome do paciente.
EXAME MACROSCÓPICO
 Examinou-se a superfície da amostra para observação da presença de proglotes de tênias, ancilostomídeos ou oxiúros adultos, por exemplo;
 Examinou-se a amostra fecal com auxílio de um palito (sorvete) para verificar a presença de outros helmintos adultos;
 Examinou-se as fezes quanto à presença de sangue e/ou muco;
 Caso fossem encontrados, deveriam ser imediatamente examinados e identificados. Na prática em questão, não foram encontrados evidências macroscópicas.
EXAME MICROSCÓPICO
Método de Blagg ou MIFC
1- Colocou-se aproximadamente 2 g de fezes em um Becker ou em um copo plástico descartável, com cerca de 5 ml de água e dissolveu-se bem com auxílio de um palito de sorvete descartável;
2- Coou a suspensão em gaze cirúrgico dobrada em quatro, num copo descartável;
3- Transferiu-se de 1 a 2 ml do filtrado para o tubo cônico com capacidade para 15 ml (tubos tipo falcon);
4- Acrescentou-se 4 a 5 ml de éter sulfúrico e agitou-se vigorosamente (desengordura a amostra fecal);
5- Centrifugou por um minuto a 1.500 rpm;
6- Com auxílio de um bastão descolou-se a camada de detritos gordurosos da parede do tubo;
7- Inverteu-se o tubo para desprezar o líquido e limparam-se as paredes com um bastão contendo algodão na extremidade;
8- Colocou-se parte do sedimento numa lâmina, corar com lugol e cobrir com lamínula. Examinaram-se no mínimo duas lâminas de cada amostra. Utilizou-se as objetivas 10x e/ou 40x.
Método de Willis 
1- Colocou-se 10g de fezes num frasco de Borrel ou no próprio recipiente onde estavam as fezes;
2- Homogeneizou-se com um pouco de solução saturada de sal (NaCl) ou de açúcar 
3- Completou-se o volume até a borda do frasco; 
4- Colocou-se na boca do frasco uma lâmina, que estava em contato com o líquido. 
5- Deixou-se em repouso por 5 minutos;
6- Após 5 minutos, retirou-se rapidamente a lâmina, deixando a parte molhada voltada para cima;
7- Cobriu-se com lamínula, corando com Lugol e examinado com objetiva 10x e/ou
40x;

RESULTADOS
Após análise macroscópica da amostra e da lâmina, microscopicamente, não foram encontrados ovos ou larvas de helmintos, nem cistos ou trofozoítos de protozoários no material pelo método de Blagg. Pelo método de Willis também não foram encontrados ovos leves (ancilostomídeos).
DISCUSSÃO
Pelos métodos de análise aplicados, poderiam ser identificados, respectivamente, pelo método de Blagg: parasitos em forma de ovos ou larvas de helmintos; cistos ou trofozoítos de protozoários, e pelo método de Willis, ovos leves de ancilostomídeos. 
Utilizando um material para comparação com o visualizado ao microscópio, é possível identificar morfologicamente os parasitos citados acima e assim contribuir com o diagnóstico destas doenças. Abaixo estão alguns exemplos de parasitas, que podem ser identificados pelos dois métodos:
Protozoários:
1- Giardia lamblia 
• Cisto: forma ovalada, presença de núcleos, axonema e corpo parabasal; 
• Trofozoíto: forma piriforme, região anterior mais larga, dois núcleos do tipo vesiculoso e axonema que divide o flagelado ao meio. 

2- Entamoeba coli
• Cisto: presença de membrana cística,apresenta de 4 a 8 núcleos, forma circular. 
Helmintos:
 Platelmintos 
1- Taenia sp 
• Tem estrutura sub-esféria com dupla membrana, apresenta trabéculas entre estas membranas dando-lhe aparência raiada e embrião hexacanto no interior da membrana interna. 
2- Schsitosoma mansoni 
• Apresenta grande espículo lateral presente na região mais dilatada do ovo. 
• Presença de larva
miracídio no interior do ovo. 
 Nematelmintos
1- Ascaris lumbricoides 
• Presença de 3 membranas: 1) interna, delicada, de natureza lipídica; 2) mediana, grosseira, denominada casca; 3) externa, de natureza albuminóide, de morfologia mamilonada, característica do ovo corticado. 
• Presença de larva no interior do ovo (fértil); 
• O ovo infértil não apresenta larva em seu interior; 
• Forma arredondada (ovo fértil); 
• Forma elíptica (ovo infértil). 
2- Enterobius vermicularis
• Ovo em forma de D; 
• Envoltório de dupla membrana; 
• Presença de larva no interior do ovo.
3- Ancilostomídeo 
• Compreende ovos de Ancylostoma duodenale e Necator americanus; 
• Apresenta contorno ovalado; ▫ Presença de duas membranas e no interior massa germinativa, constituída pelos blastômeros.

CONCLUSÃO 
O exame parasitológico é de grande importância para o diagnostico clínico final, fornecendo informações úteis ao diagnóstico de diversas parasitoses; servindo como guia para o tratamento; acompanhando e determinando a eficiência do tratamento; trazendo informações de valor para estudos epidemiológicos; e fornecendo os elementos básicos para corrigir as deficiências nos programas de profilaxia do meio ambiente. 

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